Na União Europeia, os esforços contra as mudanças climáticas devem guiar também a saída da crise econômica e social provocada pela pandemia do novo coronavírus. É o que afirma o documento “Por uma Aliança Europeia para uma Recuperação Verde”. O chamado Pacto Verde foi assinado por mais de 180 líderes políticos, envolvendo ainda executivos de empresas multinacionais, movimentos sociais, sindicatos e organizações não governamentais. O pacto já vinha sendo elaborado desde o final do ano passado pela atual dirigente do bloco europeu, a alemã Ursula von der Leyen. Mas foi reafirmado como uma proposta de transição necessária para a criação de novos postos de trabalho, desenvolvimento econômico e mudança no estilo de vida em meio à atual crise.
O objetivo, de acordo com os signatários, é realizar “investimentos maciços” para a construção de um “novo modelo econômico europeu” que gire em torno de “princípios ecológicos”, visando prioritariamente o combate à Covid-19, como destaca o jornal El País. “Estamos revendo a própria organização social e o estilo de vida, e isso tudo faz com que a gente tenha a ousadia de pensar alternativas de como vamos organizar a vida no pós-covid-19. E, sem dúvidas que, se a União Europeia emplacar com essa proposta, ela vai sair à frente e terá a liderança desse processo, disputando certamente com a China a liderança do século 21”, destaca o geógrafo.
Nesta quarta-feira (22), em que se celebra o Dia Mundial da Terra, Wagner Ribeiro lembra que cada vez mais o mundo se dá conta de que a preservação do meio ambiente não é oposta à criação de empregos ou ao desenvolvimento econômico. De acordo com ele, o pacto verde da U.E comprova que é possível conciliar os campos e criar uma saída. Do contrário, a insistência com o modelo neoliberal, que estimula a degradação ambiental, só levará a mais pandemias como a do coronavírus. “Temos a possibilidade de ter outras pandemias sim, porque cada vez mais diminuímos as áreas naturais”, lembra.
“Isso faz com que os animais tenham contato conosco, transmitindo patógenos que nós não tínhamos contato anteriormente e que podem devastar, em larga escala, a espécie humana, como já ocorreu no passado. Não há nenhuma novidade. Estamos assistindo a uma aceleração desse tipo de contágio, dada basicamente à ação humana, baseada no desmatamento e também no aquecimento global”, finaliza o professor da USP.
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