Seapac realiza curso de capacitação em conjunto com os Engenheiros Sem Fronteiras para famílias da zona rural de Lajes Pintadas (RN).
Caio Barbosa - Assessoria de Comunicação do SEAPAC
Santa Cruz | Rio Grande do Norte
Um grupo de 25 famílias da zona rural de Lajes Pintadas esteve reunido com a equipe do Seapac e o coletivo dos Engenheiros Sem Fronteiras (ESF) durante dois dias para participarem do curso "Gestão e Manejo dos Recursos Naturais e da Tecnologia Social". A atividade foi realizada para orientar e ajudar as famílias que irão receber os novos biodigestores na região. Durante os dois dias de encontro, ocorreu atividades teórica e prática com as agricultoras e agricultores sobre a importância do manejo e manutenção da tecnologia social.
O primeiro dia do encontro foi realizado na sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Lajes Pintadas, começou com uma mística de apresentação em torno do direito à comunicação, todos os presentes fizeram uma dinâmica inicial na qual foi organizada pela equipe do Seapac. Logo em seguida, a professora Hérika Cavalcante, engenheira ambiental e coordenadora do ESF núcleo natal, realizou uma apresentação sobre a ONG e quais os projetos desenvolvidos em parceria com o Seapac. Depois, o estudante de zootecnia, Paulo Moreira, apresentou a história e os benefícios que os biodigestores podem proporcionar na vida das famílias campesinas.
Ainda no primeiro dia do curso, as estudantes de engenharia Nixdali e Nathalia apresentaram as principais etapas de construção de um “biodigestor sertanejo” (também conhecido como rural) e quais os principais cuidados devem ser tomados para sua manutenção. Após esse momento, as agricultoras e agricultores puderam tirar suas dúvidas fazendo perguntas relacionadas à produção do biogás (gás metano) e do biofertilizantes, produtos gerados pelo biodigestor. Essa tecnologia social é uma ferramenta de baixo custo, que possibilita às famílias uma nova fonte de energia renovável a partir dos dejetos animais. Além de gerar um importante insumo para agricultura familiar, o biofertilizante, um produto natural que torna-se um aliado para ampliar a produção de alimentos agroecológicos.
No segundo dia do curso, foi organizado um intercâmbio rural na comunidade do Bom Destino, zona rural de Lajes Pintadas. As famílias e o coletivo do ESF puderam ir até a casa de Dona Raimunda e Seu Zito, para conhecer de perto um dos biodigestores já implementados pelo Seapac e que está em funcionamento na região. Além disso, esteve presente a equipe do Seapac que atua no alto oeste potiguar (região que em breve também receberá os biodigestores), e os pedreiros que serão responsáveis pela construção das novas 25 tecnologias sociais em seis comunidades da região.
Durante o intercâmbio as famílias tiveram a oportunidade de verificar o funcionamento dos biodigestores e também tirar suas dúvidas com relação às próximas etapas do projeto. O Seapac já construiu 26 biodigestores na região e agora serão mais 25 famílias atendidas e acompanhadas pela instituição. No alto oeste, serão implementados ainda este ano, 15 biodigestores
“As famílias da região já estão na expectativa por essa tecnologia social. Ela aliada ao sistema de reuso já implementado na região, será mais uma ferramenta que beneficiará a agricultura familiar dos municípios”, avalia Fabrício Edino, coordenador do projeto do Seapac na região oeste.
Biodigestores: um aliado da agricultura familiar
Os biodigestores rurais são aliados das famílias campesinas, por se tratar de uma tecnologia social que ajuda a fornecer uma fonte de energia renovável na forma de biogás, além de produzir o biofertilizante, um valioso insumo para a fertilização das culturas agrícolas e que ajuda a promover práticas agrícolas mais sustentáveis e ambientalmente responsáveis. Essa tecnologia possibilita realizar um processo de saneamento rural dentro do território familiar, os dejetos dos animais são eliminadas do meio ambiente, pois são colocados em um reservatório fechado onde é fermentado por bactérias em ausência de oxigênio (digestão anaeróbia), resultando na produção de biogás e biofertilizante. Com isso, os dejetos são transformados em energia renovável, que pode garantir à família o abastecimento do gás na cozinha, substituindo o botijão de gás comum, e o biofertilizante ajuda na ampliação dos quintais produtivos agroecológicos.
A adoção do biodigestor promove a sustentabilidade ambiental, já que reduz o impacto ambiental negativo da agricultura, melhora a gestão de resíduos e diminui a pegada de carbono. Isso é possível pois possibilita o aproveitamento de resíduos orgânicos que, de outra forma, poderiam se acumular e causar problemas ambientais, como a contaminação do solo e da água. Além disso, a decomposição anaeróbica desses resíduos no biodigestor reduz a emissão de gases de efeito estufa, como metano, que são liberados quando os resíduos se decompõem naturalmente em aterros sanitários.
Outro produto produzido pelo biodigestor é o biofertilizante, originado pelo processo de digestão anaeróbica. Esse biofertilizante é rico em nutrientes essenciais para as plantas e pode ser usado para melhorar a fertilidade do solo, aumentando a produtividade das culturas agrícolas e reduzindo a dependência de fertilizantes químicos.
A geração do biogás e do biofertilizante contribuem para a conservação dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente para as gerações futuras. O biogás produzido no biodigestor é uma forma de energia limpa, pois é gerado a partir de materiais orgânicos renováveis, como resíduos agrícolas e dejetos animais. Ao utilizar o biogás, as comunidades rurais reduzem sua dependência de combustíveis não renováveis e contribuem para a mitigação das mudanças climáticas.
Biofertilizante: uma ferramenta para alimentos saudáveis
O biodigestor rural é uma tecnologia social importante para a agricultura familiar em comunidades rurais, pois fornece energia renovável na forma de biogás, produz biofertilizante valioso para a fertilização das culturas agrícolas e ajuda a promover práticas agrícolas mais sustentáveis e ambientalmente responsáveis.
O biofertilizante é um produto rico em nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio e outros micronutrientes e são fundamentais para produção camponesa. O biofertilizante ajuda no melhoramento da estrutura do solo aumentando sua capacidade de retenção de água e reduzindo a erosão, assim ajuda a conservar os recursos hídricos. Além disso, é muito valioso na adubação dos canteiros e quintais agroecológicos para a produção de alimentos saudáveis, já que evita o uso de produtos químicos e sintéticos, com isso preservando a saúde do solo e do meio ambiente.
Essa tecnologia social favorece e fortalece a agricultura familiar por gerar mais produtividade no roçado e ajudar na diminuição dos custos para as famílias, com o uso do biogás como fonte de energia, as famílias rurais podem economizar significativamente nos custos de energia para cozinhar ou até iluminar suas residências. Além disso, a substituição de fertilizantes químicos pelo biofertilizante produzido no biodigestor reduz os gastos com insumos agrícolas, tornando a agricultura mais acessível, econômica e agroecológica.
PROJETO BIODIGESTOR NO TRAIRI
O projeto “Biodigestor: uma fonte alternativa de gás metano e de biofertilizante” irá implementar 25 biodigestores no município de Lajes Pintadas (RN) beneficiando diretamente mais de 100 pessoas nas comunidades rurais do município. O projeto conta com o apoio da Fundação Banco do Brasil que incentiva o Seapac a seguir construindo as tecnologias sociais na região do Trairi, promovendo a transformação na vida das famílias campesinas que convivem no Semiárido Potiguar.
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