Estudo publicado pela revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), na última segunda-feira (27), mostra que os territórios indígenas preservados são responsáveis pela manutenção dos estoques de carbono na Amazônia, ou seja, os guardiões das florestas ajudam a regular o clima e reduzir a intensidade do aquecimento climático do planeta. Segundo os dados, apenas 10% de todas as emissões de CO2 na floresta são provocadas pelos povos nativos. Os cientistas que assinam o estudo também reafirmam que é importante fortalecer e preservar áreas sob a administração de povos indígenas, principalmente da Amazônia.
Wagner Ribeiro, professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), diz que o estudo só comprova algo que os pesquisadores brasileiros já tinham intuição. Para ele, o estoque de carbono nessas áreas é apenas um dos serviços ambientais que essas comunidades prestam. O especialista alerta que o estudo aponta um aumento da emissão de gases de efeito estufa nas áreas não-protegidas na Amazônia. “Há manchas de expansão do desmatamento em direção a região oeste do Brasil. O bioma da Amazônia está ameaçado a partir de dentro, há um estimulo à degradação ambiental nas terras indígenas, através da retórica do governo Bolsonaro“, critica Wagner, em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Nahama Nunes, da Rádio Brasil Atual.
Os pesquisadores pedem que as lideranças indígenas assumam o debate sobre as mudanças climáticas. Eles chamam a atenção para a cada vez mais vulnerável situação da Amazônia, muitas vezes negligenciada, e para a tendência ao enfraquecimento da proteção ambiental e dos direitos indígenas. “É de fato uma bandeira a ser levantada, dando voz para quem quer o território preservado. O Ocidente não percebe que acabar com esse estilo de vida pode ter implicações seríssimas, graças ao capitalismo predatório”, alerta Wagner.
Fonte: www.redebrasilatual.com.br
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