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‘Temos de convencer as pessoas da letalidade do inimigo’


“A gente tem uma sensação de que roubaram a primavera da gente. Mas a primavera vai voltar", afirma cientista (Foto: Jailton Garcia/RBA)

“Estamos realmente num estado de guerra. Uma guerra inédita, com um inimigo desconhecido, invisível, que acabamos de encontrar. Logo, precisamos convencer as pessoas da letalidade e da gravidade do inimigo”. A afirmação é do neurocientista Miguel Nicolelis, professor e pesquisador da Universidade de Duke (EUA). E coordenador do Comitê Científico Consórcio Nordeste, lançado na semana passada. Segundo ele, trata-se de uma “guerra híbrida multidimensional, (porque tem) várias dimensões que precisam ser atacadas em paralelo”.


Ele acrescentou que “Precisamos conhecer o inimigo, como ele vai infectar um grande número de pessoas, como os dados já mostram, quais são as fraquezas dele e como podemos nos defender”, disse, em palestra promovida pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba) nesta terça-feira (7). Miguel Nicolelis destacou por diversas vezes em sua fala, realizada por videoconferência, que na atual fase da pandemia no país o “distanciamento social é a primeira grande forma de defesa”. Evitar as aglomerações, para não se criar um colapso do sistema de saúde, “é a grande preocupação no mundo inteiro”.


A proteção aos profissionais de saúde e suprimento para hospitais e UTIs é vital. Além do aspecto dramático da saúde de médicos e enfermeiros, a perda de profissionais nos hospitais é grave, já que quanto menos pessoas na linha de frente do combate ao vírus, menos pacientes serão tratados. Num momento em que o conhecimento científico é atacado a partir do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, Miguel Nicolelis destacou “o papel estratégico da ciência, uma das armas mais potentes contra esse inimigo invisível”. O comitê do Consórcio do Nordeste é “um Estado Maior científico”, como ele define.


Segundo o pesquisador, há modelos muito importantes sendo elaborados pela comunidade científica no Brasil e existem variações de cenário estudados. “No cenário mais brando, estamos falando de dezenas de milhares de óbitos, e no cenário mais grave, apocalíptico, estamos falando de algo que pode chegar a um milhão ao longo de vários meses”. Miguel Nicolelis ressaltou que não se pode prever no momento qual cenário irá prevalecer no país. “Com os modelos brasileiros, vamos ter uma ideia melhor do grau de letalidade da pandemia no Brasil”. A taxa de letalidade da covid-19 no Brasil é de 4,9% de óbitos em relação ao número de casos confirmados de infecção por coronavírus.

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