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Subnotificação de contágios pode dar falsa sensação de segurança


Estudo mostrou que o Brasil identificou apenas 11% dos casos do novo coronavírus (Foto: Josué Damascena/Fiocruz)

Em quatro dias, o Brasil dobrou o número de pessoas infectadas pelo coronavírus, o agente causador da doença Covid-19. Mas os casos de infecção podem ser, no entanto, bem maior que o oficial, como alerta o virologista e pesquisador da plataforma científica da Universidade de São Paulo Pasteur-USP, Luiz Gustavo Bentim Góes, que em entrevista à Rádio Brasil Atual relata que nem toda ocorrência de infecção chega ao conhecimentos das autoridades sanitárias. “Era esperada essa subida de casos, olhando o gráfico de outros países como Itália e França. Mas acredito que a gente tenha um grande número de casos que não estamos detectando. A subnotificação é muito grande e está ocorrendo no mundo todo”, alerta Góes.


Baseado em uma recente publicação da revista Sciences, estimando que cerca de 86% dos casos de contaminação não estão sendo identificados, o virologista critica que o Brasil não faça testes em massa na população, a exemplo de como orienta a Organização Mundial da Saúde (OMS) e ocorre na Coréia do Sul, onde as autoridades indicam um abrandamento contínuo no número de infectados, apesar de nesta terça-feira (24) ter confirmado mais 100 novos casos.


De acordo com ele, é importante a mais ampla aplicação de testes possível, inclusive de indivíduos assintomáticos ou com sintomas leves, para se ter uma estimativa mais real do volume de infecções a fim de elaborar políticas de combate e entender a doença. “Assim você consegue solicitar que essas pessoas assintomáticas ou com outros sintomas leves, se isolem. E você também consegue traçar o histórico de contato dessas pessoas e pedir para outros indivíduos, que entraram em contato com essas pessoas diagnosticadas como positivas, se isolem também”, explica o pesquisador.


Góes ainda aponta que, do contrário, a subnotificação não só irá atrapalhar as ações para impedir a ascensão de casos, como provocará a falsa sensação de segurança na população, que se sentirá à vontade para deixar a prevenção e os cuidados de lado. A preocupação do virologista é ainda maior diante do pronunciamento feito em cadeia nacional, nesta terça, pelo presidente Jair Bolsonaro, que minimizou a pandemia como uma “gripezinha”. “É perigoso esse tipo de afirmação e é necessário que os meios de comunicação e os profissionais da saúde, o Ministério da Saúde, passe uma mensagem muito clara do que deve ser feito e da seriedade da situação.

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