Ao todo já foram implementados 144 sistemas de reúso por meio dos projetos institucionais do SEAPAC em todo o Rio Grande do Norte.
Hecléia Machado | Assessoria de Comunicação do Seapac
Natal | Rio Grande do Norte
No Brasil, onde a defasagem no saneamento básico é um desafio preocupante, a região nordeste se destaca como a mais vulnerável à escassez desse bem essencial que deveria ser de todos. De acordo com os dados dos Diagnósticos Temáticos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2022, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, o índice de coleta e tratamento de esgotos no país está disponível para apenas 55,8% dos brasileiros. Em âmbito regional, a situação é ainda mais alarmante, visto que apenas 30,2% da população nordestina possui acesso à rede de esgotamento sanitário.
Diante desse cenário desafiador, o Seapac tem desempenhado um papel crucial para mitigar o problema do saneamento na região do semiárido, onde se concentra a fatia da população em situação de vulnerabilidade. Optando pelos sistemas de reúso de águas cinzas, a organização não apenas aborda questões de saneamento, mas também enfrenta a escassez hídrica, um desafio constante para a agricultura local.
Ao todo, já foram implementados na região do Semiárido potiguar 144 sistemas de reúso de águas cinza, isto é, sistemas que aproveitam todas as águas residenciais, excluindo apenas as vindas do vaso sanitário. Essas águas passam por um processo de filtragem, tornando-se adequadas para o cultivo de plantações.
Agora, a transformação que já era conhecida na teoria está sendo comprovada na prática. para comprovar e acompanhar a eficácia do sistema de reúso e irrigação com águas cinza, testes de solo foram realizados antes da implementação dos sistemas e continuam sendo feitos em parceria com o laboratório da Emparn, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte, o que já tem começado a mostrar os resultados obtidos com a implementação desses sistemas.
José Neto, técnico agrícola do Seapac e um dos responsáveis pelo acompanhamento do projeto dos sistemas de reúso, enfatiza a importância dos testes em andamento.
"Na maioria das casas que analisamos, os testes têm mostrado uma ausência de sais e coliformes que antes estavam presentes no solo, o que comprova que a filtragem das águas está sendo bem feita e elas estão próprias para serem usadas no cultivo" explica José Neto.
Conforme conta o técnico agrícola, o próximo passo é fazer um trabalho de conscientização com as famílias cujas amostras mostraram uma concentração maior de coliformes ou sais. “Quando a água ainda está aparecendo com esses vestígios, pode ser que a família esteja usando muitos produtos químicos na casa ou fazendo a higiene pessoal em lugares impróprios, por exemplo”.
Após entender em conjunto com as famílias parceiras os ajustes que precisam ser feitos, será realizada uma terceira rodada de testes para checar os resultados desse processo. Esse acompanhamento contínuo é fundamental, pois assegura a eficácia dos sistemas de reúso. A ausência desse monitoramento pode acarretar no uso de águas impróprias para irrigação, o que representa prejuízo na produção dos agricultores familiares, além de um risco para a saúde pública.
O trabalho desenvolvido pelo Seapac na implementação de sistemas de reúso de águas cinza não apenas visa sanar a deficiência de saneamento na região semiárida, mas também promove a segurança hídrica e alimentar, oferecendo um caminho promissor para as comunidades rurais enfrentarem os desafios da escassez de recursos hídricos e do acesso limitado ao saneamento básico.
Projeto: Água Semente da Vida
O Seapac vem ao longo dos últimos anos desenvolvendo e implementando a tecnologia social do reúso de águas cinza nas regiões do Semiárido potiguar. No Alto Oeste foram implementados 33 sistemas de reúso com apoio do Banco do Nordeste, parceiro no desenvolvimento do Projeto "Água Semente da Vida", que vem acompanhando essas famílias em seis municípios da região. Dentre as 33 famílias, foram selecionadas 11 para o monitoramento e análise das águas do sistema de reúso com a parceria dos laboratórios da Emparn.
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