A reunião aconteceu em São Miguel no último dia 02 de março, e visou estimular mulheres a serem protagonistas de suas próprias histórias e produções no campo
Hecléia Machado | Assessoria De Comunicação - SEAPAC
Natal | Rio Grande do Norte
No dia 02 de março, São Miguel foi palco de uma oficina com mulheres organizada pela equipe feminina do Seapac. O evento reuniu mulheres agricultoras familiares da região em uma manhã dedicada a discutir e estimular o protagonismo de mulheres no campo, um espaço com potencial de ser palco para um processo de empoderamento e autossuficiência feminina, mas infelizmente ainda é marcado pela desigualdade de gênero e exclusão das mulheres.
Ser mulher na agricultura significa enfrentar desafios adicionais, sobretudo quando falamos sobre plantar de forma agroecológica em pleno semiárido potiguar. Estatisticamente, as mulheres têm menos oportunidades de crescimento profissional e recebem menos do que seus colegas homens ao desempenhar uma mesma função. Essa desigualdade de gênero é um problema estrutural que transcende o mercado de trabalho e se manifesta em diversas áreas, incluindo acesso desigual à educação e saúde, além das barreiras enfrentadas para entrar na política, por exemplo.
Um bom parâmetro para medir essa desigualdade foi desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial em 2006. Em relatórios publicados anualmente, o fórum analisa quatro pilares fundamentais da desigualdade de gênero: saúde e sobrevivência, grau de instrução, participação econômica e oportunidades, e empoderamento político. Os indicadores comparam diferentes países e atribuem um escore que varia de zero a 1, refletindo o progresso dos países em direção à igualdade de gênero.
O Brasil, infelizmente, esteve em queda nesse ranking nos últimos 3 anos, e em 2022 chegou a ocupar a 94ª posição na lista, que conta com 146 nações. Esse dado destaca a urgência de iniciativas como a oficina realizada em São Miguel, onde as mulheres camponesas se reuniram para desafiar as normas de gênero, promover o empoderamento das mulheres e cultivar mudanças significativas em suas vidas e comunidades.
Sobre as atividades realizadas no dia:
A oficina teve início com uma atividade simbólica, organizada na praça central de São Miguel, onde as participantes trocaram mudas de plantas entre si enquanto foram convidadas pela Engenheira Agrônoma do Seapac, Marilene Moura, a refletirem sobre o que cada uma deseja plantar hoje para colher amanhã, uma metáfora poderosa para as mudanças que elas anseiam causar em suas vidas e no seu entorno.
Em seguida, o grupo se encaminhou para o centro pastoral, onde foi discutida a importância do Dia Internacional da Mulher Alternando. Amanda Cavalcanti, assistente social do Seapac explica que o objetivo foi conversar com as mulheres para entender nesse primeiro momento a percepção que elas tinham sobre o assunto. “Nesse primeiro momento mostramos slides e alguns vídeos, mostrando o que era o dia 8 de março e perguntando para elas o que elas achavam do dia. Também falamos sobre a dinâmica entre mulheres e homens e as desigualdades desses dois grupos na sociedade”.
Uma dinâmica especialmente comovente foi a de compartilhar fotos de mulheres que inspiram. Entre imagens de mães, de si mesmas e de outras mulheres presentes, o sentimento na sala foi de orgulho, admiração e sororidade, palavra que define a união entre mulheres, “algumas até se emocionaram, foi um momento muito legal”, conta Amanda.
Ao final do dia, as mulheres de São Miguel não apenas levaram consigo mudas de plantas, mas também sementes de mudança e fortalecimento mútuo. Essa oficina foi um exemplo vivo de como o empoderamento de mulheres pode transformar realidades e abrir caminhos para um futuro mais igualitário e inclusivo.
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