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REPORTAGEM: Relato e reivindicações das famílias para conviver no Semiárido

Atualizado: 11 de jul. de 2019


Momento da oração de encerramento (Foto: José Bezerra)

O encontro da apresentação do Projeto trienal “A Arte de Conviver no Semiárido Potiguar”, do Seapac, nos dias 8 e 9 deste mês de julho, teve duas manhãs e uma tarde, com momentos ricos de exposições, trocha de experiências, novos conhecimentos e relatos ricos na segunda manhã, no dia 9. O evento aconteceu no Campus do IFRN de Santa Cruz-RN, cidade da Região Trairi do Rio Grande do Norte.


Prof. Nino, recitando o poema (Foto: José Bezerra)

Os trabalhos da manhã do dia 9 começaram de forma descontraída, com o Professor José Francisco Lopes, mais conhecido por “Professor Nino”, da comunidade Serra Verde, Lages Pintadas, recitando um poema rimado. Nas rimas e versos, ele denuncia a destruição da natureza e defende a agrobiodiversidade do Planeta – “Nossa Casa Comum”, como definiu o Papa Francisco. Também teve versos improvisados, abordando o conteúdo do encontro e envolvendo os participantes, um senhor e uma senhora improvisando, com canto de músicas.


O Coordenador do Núcleo do Seapac na região do Trairi, com sede em Santa Cruz, Agrônomo Damião Santos, organizou os participantes em grupos, envolvendo num mesmo grupo famílias dos 3 municípios presentes – São Miguel, Encanto e Lajes Pintadas - com o objetivo de apresentarem, em linhas gerais, a realidade em que essas famílias vivem, e qual a expectativa com a execução do projeto do Seapac. Cada grupo se reuniu, separadamente, escolheu um nome, conversou e em seguida, no plenário, as famílias de cada grupo se apresentaram e apresentaram sua realidade e expectativas.


Agrônomo Fabrício, tirando dúvidas sobre o trabalho de um dos grupos (Foto: José Bezerra)

Um grupo se autodenominou “Asa Branca” e escolheu o lema “Vamos dar as mãos para a nova caminhada”, como base das discussões. Concluiu que as famílias precisam envolver os filhos nos quintais; que necessitam de assistência técnica; que há necessidade de uma política pública voltada para o artesanato das mulheres; e que precisam se conscientizar quanto à necessidade de fazer o reuso de água e de não usar venenos. Neste grupo, uma família já faz reuso de água. O grupo também reivindicou a implantação de uma Feira Agroecológica, mais barreiros trincheiras e cisternas das duas águas e que precisam aprender a cuidar das sementes nativas.


O grupo que se autodenominou de “Moringa” reivindicou a continuidade dos intercâmbios, o reuso de água, revitalização de culturas (árvores e sementes) que estão em fase de extinção, a integração da juventude nos intercâmbios e sistemas de irrigação por gotejamento. Outro grupo se autointitulou de “Angico” e pediu a adequação de projetos às famílias; que precisam produzir, porém respeitando o meio ambiente; que necessitam de acompanhamento técnico contínuo; que precisam interagir com a comunidade; e de um desenvolvimento sustentável.


Um dos grupos se denominou de “Sobrevivendo à adversidade no Semiárido”. As famílias desse grupo pediram projetos de reuso de água, inclusive na agrofloresta; sistema de irrigação localizada; e plantio de hortaliças e fruteiras. Apresentaram dois exemplos de sobrevivência no semiárido potiguar: uma, da família de seu João Batista, que vive com a renda do que produz; e da família de seu Antônio Faustino, que sobreviveu com a produção de hortaliças, depois de retornar de São Paulo.


Outro grupo se intitulou “Agricultores e o Seapac”. As famílias disseram que enfrentaram a luta a partir da presença do Seapac e de outras organizações; que aprenderam muito com os intercâmbios e com o acompanhamento feito às famílias; que o reuso de água transformou a vida de uma das famílias do grupo, com o aumento da produção, a qualidade dos alimentos e o fim do uso de venenos; que os novos conhecimentos proporcionaram mudanças nas plantações, na adubação do solo e na criação de animais; e que sonham com a conquista de equipamentos. Uma das famílias relatou que já aprendeu muito e está fazendo o contrário do que fazia antes: em vez de desmatar o solo e queimar o mato, está deixando o mato crescer e usa o mato seco na cobertura morta.


Por fim, o último grupo se denominou de “Árvore da Vida”, e relatou a experiência de reuso de água com minhocário, e que isso mudou a vida da família. Esse grupo relatou a dificuldade de famílias, após a execução de projetos, por não darem continuidade ao trabalho, após a conclusão do projeto. Relatou a dificuldade com a escassez de água, o que gera a necessidade de outra fonte, além das cisternas de primeira e segunda água. Também questionou a ausência de projetos de dessalinização para os lugares que têm água salgada.


O encontro foi concluído com todas as famílias dando-se as mão para rezar o “Pai Nosso”, oração bíblica ensinada por Jesus Cristo. No momento final, muitas famílias pediram e obtiveram exemplares de cartilhas, candeeiros e folhetos disponibilizados pelo Seapac. Muitas, também, conquistaram mudas de plantas e algumas sementes disponibilizadas por outras famílias.

Mais fotos (José Bezerra):




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