A comemoração do Dia Mundial da Água, no Rio Grande do Norte, na última sexta-feira, 22 de março, na comunidade Barra de Santana, município de Jucurutu-RN, reuniu centenas de pessoas. Além da população local, representantes de organizações da sociedade civil, do Ministério Público, de Universidades, alunos do Instituto Federal, políticos, a governadora Fátima Bezerra e vários secretários de Estado. Proposto pelo Seapac e executado em parceria com o Estado e todas estas organizações, o evento teve vários momentos, começando com apresentações de algumas das instituições parceiras em seis tendas, além de atividades culturais – bloco do Magão, do grupo Trapiá Cia Teatral, com a peça “Chico Jararaca”, apresentações de estudantes sobre o tema Água, e mesas de diálogo e debates.
Uma das mesas teve como tema “Fontes de água para consumo humano e produção de alimentos no semiárido Potiguar”, com o SEAPAC (Damião Santos), IGARN (Francisco Caramuru), ADESE (Emídio Gonçalves), UFRN (Profa. Rebecca Luna Lucena) e Promotoria de Justiça e CAOP Meio Ambiente/MPRN (Mariana Barbalho). “O topo das serras, no Sertão, formam as ondas que geram as águas dos nossos rios, por serem regiões mais úmidas e mais frias. A temperatura, em média, é 4 graus mais baixa do que embaixo das serras. E a umidade relativa chega a ser quase o dobro”, disse a Professora Rebecca Luna Lucena, da UFRN.
O Agrônomo do Seapac, Damião Santos, lembrou que o Rio Grande do Norte tem 92% de sua área encravada no semiárido, região que todos conhecem como o único bioma do mundo chamado Caatinga. “A gente está mostrando, ao longo da história, que o povo que escolheu esta região, além de ser forte, resiliente, tem capacidade e inteligência pra fazer, na prática, a convivência com o Semiárido. Lembro Antônio Conselheiro, que chegou em Canudos e fez a primeira experiência agroecológica de conviver com o Semiárido. Mas isso a história oficial não conta”, afirmou Damião. Ele lembrou, também, a experiência da Rede Asa, de convivência com o Semiárido, que descentralizou a água e garantiu aos homens e mulheres do semiárido, vida e vida em abundância. “O Semiárido brasileiro é o que mais chove, é o que tem mais água, mas é o mais sofrido, porque não tem política adequada de convivência. Temos uma obra estruturante, aqui, que é a barragem de Oiticica. Mas quando terminar esta obra, qual será a outra obra estruturante do governo do Estado? Precisamos de obras estruturantes grandes, médias e pequenas”, afirmou Damião Santos.
A Promotora Mariana Barbalho, integrante do CAOP Meio Ambiente, do Ministério Público do Rio Grande do Norte, falou sobre um projeto de preservação das nascentes dos rios no Estado. “Precisamos não só preservar, mas também conservar, de forma que a gente não precise trazer água do mar, salinizada. E como estão as nossas nascentes? A gente solicita à SEMARH que dê continuidade a esse projeto e, quem sabe, faça uma visita às nascentes do Piranhas-Açu, os rios estaduais que alimentam o leito maior”, disse a Promotora. Ela lembrou que ao lado de muitas nascentes tem pocilgas, tem lixo e plantação de milho. “Tem coisas legais e ilegais, que interferem na alimentação daquelas fontes de água”, afirmou.
Agenda Hídrica
“Água como um direito humano e um bem comum da natureza”, foi o tema da última Mesa de Diálogo do Dia Mundial da Água, em Barra de Santana. O subtema foi “Agenda Hídrica do Governo do Estado para o Território do Seridó”. Teve a presença da Governadora Fátima Bezerra; do Arcebispo de Natal e presidente do Conselho Diretor do Seapac, Dom Jaime Vieira Rocha; do Bispo de Caicó, Dom Antônio Carlos Cruz Santos; do Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu, Paulo Varela e outros integrantes do Governo do Estado.
Em sua fala, a governadora lembrou a necessidade de manter a luta pelas águas da transposição do Rio São Francisco, o que trará segurança hídrica para a região. “Vamos cobrar do Governo Federal a conclusão dessa obra. Não vou descansar enquanto as águas do São Francisco não chegarem ao Rio Piranhas-Açu”, disse a governadora. Sobre a barragem de Oiticica, ela citou fatos passados, inclusive a ordem de serviço dada pela então Presidente Dilma Roussef, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Estamos, já, no sexto ano do início desta obra. Daí, a necessidade de sua conclusão”, disse a governadora. Ela afirmou que lutará para que não faltem os recursos para conclusão das obras da Barragem Oiticica, ainda neste ano de 2019. Fátima também falou da necessidade das adutoras para fazer chegar a água às cidades da Região.
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