As buscas por vítimas da tragédia de Brumadinho (MG) entraram neste domingo (3) no décimo dia. As causas do rompimento da barragem da Vale que integra a Mina do Feijão estão sendo investigadas. Da mesma forma, a extensão dos danos ambientais e socioeconômicos ainda é desconhecida, embora já estejam em curso iniciativas voltadas para identificar os prejuízos e alguns dados preliminares já tenham sido divulgados. Com base nas informações tornadas públicas, a Agência Brasil reuniu o que já se sabe acerca da tragédia.
Mortos
De acordo com o último balanço da Defesa Civil de Minas Gerais, 121 pessoas morreram e 226 estão desaparecidas, grande parte empregados da Vale. Os rejeitos soterraram um refeitório e uma área administrativa da mineradora. Os trabalhos de busca não têm data para acabar e são coordenados pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, mas as chances de encontrar sobreviventes vão se reduzindo a cada dia.
Parte da comunidade da Vila Ferteco foi devastada. Ainda não se sabe quantas famílias viviam na comunidade. Também ficaram destruídos imóveis localizados em áreas sitiadas às margens do Rio Paraopeba, para onde os rejeitos se direcionaram. Os últimos números apontam para 116 desabrigados na tragédia. Muitos deles foram acomodados em pousadas e hotéis em locais próximos.
Investigações
A Polícia Civil de Minas Gerais e a Polícia Federal investigam as causas do rompimento da barragem. Uma força-tarefa também foi criada pelo Ministério Público Federal (MPF). Seis dos nove procuradores também integram a força-tarefa que acompanha os desdobramentos da tragédia de Mariana.
Na última terça-feira (29), três funcionários da Vale envolvidos no licenciamento da barragem e dois engenheiros terceirizados que atestaram a estabilidade da estrutura foram presos. A juíza federal Perla Saliba Brito considerou que a medida era “imprescindível” para as investigações.
A barragem foi construída em 1976 pela Ferteco Mineração, empresa adquirida pela Vale em 2001. Segundo a mineradora, desde 2015 a estrutura não recebia mais rejeitos, estando em processo de descomissionamento (encerramento de atividades). Já se sabe que um laudo emitido pela empresa alemã Tüv Süd em setembro do ano passado atestava a estabilidade da barragem.
Impactos ambientais
Nem a mineradora e nem órgãos ambientais divulgaram até o momento estimativas do volume de lama que vazou e escoou para o Rio Paraopeba. A barragem tinha capacidade aproximada de 12 milhões de metros cúbicos. Não há informações se ela estava operando no limite. Segundo dados preliminares do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foram devastados 133,27 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica e 70,65 hectares de áreas de proteção permanente ao longo de cursos d'água.
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, está monitorando o avanço da turbidez da água no rio. Os últimos boletins têm revelado um deslocamento lento da pluma formada pela mistura de rejeito e água. Os rejeitos já percorreram mais de 98 quilômetros desde a barragem. A chegada da pluma à represa onde fica a Usina Hidrelétrica de Três Marias (MG) está descartada. É nessa represa que o Rio Paraopeba se encontra com o Rio São Francisco.
Penalidades
A Vale foi multada em R$ 99 milhões pelo governo de Minas e R$ 250 milhões pelo Ibama. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 11 bilhões nas contas da mineradora, com o intuito de assegurar a reparação dos danos. O Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais (MPT-MG) também conseguiu bloquear outros R$ 800 milhões para o pagamento de indenizações trabalhistas. Ao todo, a Vale está impossibilitada de movimentar R$ 11,8 bilhões.
Fonte: www.domtotal.com
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