Segundo dados da Organização de Comida e Agricultura das Nações Unidas, as mulheres representam 43% da força de trabalho agrícola no mundo.
Hecléia Machado | Assessoria De Comunicação - SEAPAC
Natal | Rio Grande do Norte
No Dia Internacional da Mulher, celebramos a história, a luta e as conquistas de mulheres ao longo da história, mas sem esquecer de refletir sobre os desafios que ainda existem quando falamos sobre igualdade de gênero. Uma área onde essa luta é particularmente visível é na agricultura, sobretudo em um contexto do Semiárido potiguar, onde o clima se coloca como mais um desafio diário para mulheres que sonham em produzir e prosperar da terra.
Entre as mulheres rurais e o sonho de produzir, existem vários fatores que se colocam como obstáculos no meio do caminho, afinal, no Brasil as mulheres continuam a enfrentar disparidades salariais, têm menos acesso a oportunidades de emprego e são sobrecarregadas com trabalhos não remunerados, como cuidar da casa e dos filhos. Para ter uma ideia, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada no fim de 2022 pelo IBGE, foi revelado que mulheres dedicam, em média, 21 horas semanais em atividades domésticas, mais que o dobro dos homens.
Essa realidade se agrava ainda mais para as mulheres que vivem nas zonas rurais, elas enfrentam desafios adicionais, como o acesso limitado a serviços básicos e os impactos das mudanças climáticas em suas comunidades. Apesar disso, a equipe do Seapac observa há 30 anos, por meio da sua atuação em defesa e estímulo da agroecologia no Semiárido potiguar, é que as mulheres camponesas são sempre as mais interessadas em prosperar da terra de forma não predatória, respeitando a saúde humana e a natureza.
Nas palavras de Amanda Cavalcanti, assistente social do Seapac, as mulheres normalmente tomam frente das atividades, sempre interessadas em participar, aprender e partilhar conhecimento. “Quando o Seapac chega nessas residências, priorizamos sempre não ouvir só o homem. Sempre estimulamos as mulheres a falarem, para saber o que elas pensam daquela atividade, das práticas agroecológicas, do manuseio do quintal produtivo, encorajamos a participação nas associações, inclusive a ocupação de cargos de liderança dentro delas”, conta.
Desse estímulo tão necessário, o resultado foi uma verdadeira comunidade de mulheres agricultoras espalhadas pelo Semiárido potiguar, que ao se empoderarem da terra, alimentam seu entorno com uma produção sem veneno e partilham conhecimento, encorajando outras a fazerem o mesmo. “É interessante quando as mulheres participam de dinâmicas como o intercâmbio rural, por exemplo. Nesses momentos, elas não apenas conhecem as tecnologias sociais, mas também aprendem como fazer o manuseio delas, e que essa não é uma atividade específica do homem”, completa Amanda.
Lindalva Azevedo, técnica agrícola do Seapac também comenta enfatizando o papel vital das mulheres na promoção da agroecologia. “Eu vejo que o que liga a agroecologia à mulher é justamente o ‘fazer’. Se pensa muito, se fala muito e os homens normalmente se envolvem no processo, mas quando falamos em fazer acontecer, é a mulher que faz tudo tomar forma”.
O Seapac desempenha um papel crucial na capacitação das mulheres campesinas, oferecendo além da implementação das tecnologias sociais, as instruções necessárias para o manejo da terra e mostrando na prática que a agroecologia é o caminho para prosperar no Semiárido. No entanto, apesar do progresso, ainda há muito a ser feito para alcançar a igualdade de gênero no campo. Amanda e Lindalva concordam que é necessário um esforço coletivo para enfrentar as injustiças que estão presentes estruturalmente na nossa sociedade, e garantir que cada vez mais, as mulheres ocupem o campo.
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