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'Laudato Si' trouxe frutos, mas "ainda não abriu uma brecha no mundo econômico"


"O princípio cardinal da Doutrina Social da Igreja é a atenção à pessoa: uma regra de ouro a ser levada em consideração durante o uso das mais inovadoras tecnologias. Ao fazer isso, se levaria um desenvolvimento saudável também aos países que mais tem necessidade dele". (AFP or licensors)

Dois dias de intensos debates e testemunhos com o objetivo de compreender como viver a Encíclica do Papa Francisco sobre o cuidado com a “casa comum”. É o que propõe o encontro internacional “A Doutrina Social da Igreja, das raízes à era digital”, que desde quinta-feira,6, reúne 31 palestrantes de diversas partes do mundo, de empresas e do mundo acadêmico, para falar sobre a Laudato Si, quatro anos após sua publicação, e num diferente contexto econômico e social. A audiência com o Pontífice neste sábado, 8, concluirá o encontro. “A ideia de que a solidariedade e a sustentabilidade econômica, ambiental e social são possíveis em uma economia de mercado e que sua busca não contrasta com eficiência. Conceito ainda hoje muito difícil de difundir”, explica Anna Maria Tarantola, presidente da Fundação Centesimus Annus.


Ela destaca como a defesa do clima tenha se tornado uma prioridade, também para o mundo econômico. “E a Laudato Si contribuiu com força ao acender os refletores. A Encíclica teve um significativo impacto nas Nações Unidas, que divulgaram a lista de 169 objetivos sustentáveis". E ainda - afirma ela - a própria Encíclica não conseguiu impor uma mudança de paradigma na sociedade, aquela que "o Papa chama, em seu documento, de um ‘modelo tecnocrático predominante’. O convite que o Santo Padre nos dirige é de modificá-lo 360 graus. E é preciso ser feito imediatamente, incidindo sobre a produção e o consumo".


"Laudato Si - explica ainda Anna Maria Tarantola - trouxe pequenos frutos também no campo do financiamento sustentável, mas não é suficiente. O documento ainda não abriu uma brecha no mundo econômico, como deveria ser. Nesta nossa convenção, tentaremos entender se esses sinais tímidos de mudança são o prelúdio de algo mais revolucionário". Ela recorda de como a era digital também deve ser usada para um desenvolvimento justo: "O princípio cardinal da Doutrina Social da Igreja é a atenção à pessoa: uma regra de ouro a ser levada em consideração durante o uso das mais inovadoras tecnologias. Ao fazer isso, se levaria um desenvolvimento saudável também aos países que mais tem necessidade dele", afirma.

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