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Indígenas isolados são os mais vulneráveis diante das queimadas na Amazônia


'São áreas que precisam de uma vigilância e de uma fiscalização permanente, então a gente acredita que isso possa vir a colocar os povos indígenas isolados em uma situação ainda maior de vulnerabilidade', aponta pesquisador do ISA (Foto: GLEISON MIRANDA/FUNAI)

Os povos indígenas isolados são os mais vulneráveis à pressão por parte de madeireiros ilegais, caçadores e garimpeiros e ao aumento no número de focos de incêndio, aponta levantamento do Instituto Socioambiental (ISA). De acordo com o ISA, as recentes queimadas na Amazônia prejudicam em maior parte os territórios desses grupos. Atualmente, há 121 registros de indígenas isolados, segundo o cadastro da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do sistema de informação do ISA. Desses, 28 povos foram confirmados, 26 estão em estudo e 67 em fase de coleta de informação. O grupo está distribuído em um conjunto de 86 territórios, 54 Terras Indígenas (TIs) e 24 Unidades de Conservação (15 federais e nove estaduais), sendo apenas um deles fora da Amazônia, os Avá Canoeiro, em Tocantins e Goiás. Mas há ainda oito áreas sem nenhum mecanismo de proteção.


O antropólogo Tiago Moreira, do programa de monitoramento de áreas protegidas, do ISA, explica que esses grupos correm maior risco de serem massacrados devido ao próprio território que ocupam, reduzido e isolado. “Verdadeiras ilhas de florestas em meio a essas frentes de expansão”, destaca. “Eles têm que conviver com madeireiros, estradas, ferrovias que pressionam esses territórios, e as queimadas vieram como um componente a mais no estreitamento desse território, que já é bastante pequeno, complicando ainda mais esses povos que estão em uma situação de evitação de contato com a sociedade nacional”, afirma o pesquisador.


Para chamar a atenção a essa situação dos povos isolados e sua fragilidade diante das frentes de expansão do desmatamento e implementação de obras, o instituto lançou o livro Cercos e Resistências – povos indígenas isolados na Amazônia brasileira. Editada pelo ISA, a publicação ressalta que “sem a floresta, esses povos enfrentarão a morte ou um contato traumático”. Ainda de acordo com o pesquisador do instituto, os indígenas isolados sofrem também com a redução da proteção feita pela Frente de Proteção Etnoambiental da Funai, que atua com um orçamento cada vez menor e sob medidas burocráticas restritivas. “Você cria um problema, porque são áreas que precisam de uma vigilância e de uma fiscalização permanente, então a gente acredita que isso possa vir a colocar os povos indígenas isolados em uma situação ainda maior de vulnerabilidade”, lamenta.

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