O impacto ambiental causado pela enxurrada de lama após o rompimento, na sexta-feira, da barragem da companhia Vale na Mina do Córrego do Feijão, na cidade de Brumadinho (MG), "será sentido por anos", advertiu nessa terça-feira (29) a ONG World Wildlife Foundation (WWF). "Aproximadamente 125 hectares de florestas foram perdidos, o equivalente a mais de um milhão de metros quadrados, ou 125 campos de futebol", indica o relatório divulgado quatro dias depois de que a enxurrada de lama e rejeitos atingiu instalações da Vale, casas e veículos em Brumadinho, deixando até agora 84 mortos e 276 desaparecidos, segundo o último boletim do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
A lama chegou em poucas horas ao rio Paraopeba e avança a 1 km por hora pelo leito. A aldeia indígena Naô Xohã, de 27 famílias, a 22 km de Brumadinho, epicentro da catástrofe, foi duramente afetada pela poluição da água. "Estamos em uma situação muito séria (...). Dependíamos do rio e o rio morreu. Não sabemos o que fazer", disse o cacique Háyó Pataxó Hã-hã-hãe na segunda-feira, contando que os peixes mortos e um odor fétido tomaram conta da pequena comunidade.
A Agência Nacional de Águas (ANA) estima que a onda de rejeitos e lama chegará entre 5 e 10 de fevereiro à hidrelétrica de Retiro Baixo, a 300 km da mina do Córrego do Feijão. A expectativa é que as barragens de contenção nessa estrutura retenham os rejeitos, mas a ANA esclarece que "está sendo avaliado se a onda de rejeitos alcançará a reserva da hidrelétrica de Três Marias, no rio São Francisco, 30 km abaixo da barragem de Retiro Baixo". O São Francisco é um rio de vital importância econômica e social para cinco estados. O serviço geológico do Brasil estimava, na segunda-feira, que os resíduos alcançariam Três Marias entre 15 e 20 de fevereiro.
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