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Guardiões de sementes resistem ao monopólio das multinacionais

Controle dos grãos por conglomerados internacionais colocam em risco o direito à alimentação saudável

Por Katarine Flor


Hans Rinklin é coordenador da Casa de Sementes de Mandirituba (PR) e destaca que a iniciativa resgata o controle do cultivo pelo agricultor (Foto: Giorgia Prates)

A Bayer se converteu nesta última quinta-feira (7) em líder mundial de sementes, fertilizantes e pesticidas. O grupo farmacêutico e agroquímico alemão anunciou a compra da americana Monsanto. A fusão deve criar uma empresa com o controle de mais de um quarto do mercado mundial de sementes e pesticidas.

No ano passado, a empresa norte-americana Dow Chemical fundiu-se com sua compatriota DuPont, e houve a compra da suíça Syngenta pela chinesa ChemChina. “É revelador o grau de dependência que a humanidade começa a ter de algumas empresas que controlam a vida. Vira uma centralização que eles controlam tudo. A compra é um absurdo”, afirmou o dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, João Pedro Stédile.

Casa de sementes

Na outra ponta estão iniciativas como as casas de sementes. Unidades de beneficiamento de sementes orgânicas, que fazem uma ponte entre agricultores. O coordenador da Casa de Sementes de Mandirituba, no Paraná, Hans Rinklin, destaca que este tipo de iniciativa resgata o controle do cultivo pelo agricultor. “São quatro ou cinco firmas que produzem quase 90% das sementes. É importante a agricultura familiar ter a autonomia sobre elas”, afirma.

Hans Rinklin enfatiza que as grandes empresas sementeiras do agronegócio exercem forte influência sobre governos e legisladores. “Há uma dependência muito grande, inclusive, dos governos. Não me diga que essas firmas não usam o poder que hoje já tem. Quem hoje prepara as leis não são os políticos e seus assessores. São os Lobbies dessas firmas”, diz.

Segundo Rinklin, os governos criam condições políticas e legais que favorecem e ampliam o controle dessas empresas sobre os mercados. O coordenador conta que a maior parte das sementes comerciais desenvolvidas por essas grandes corporações fazem parte de um sistema agroquímico que modifica as sementes “para que haja a necessidade de uma maior dosagem de adubo e de venenos agrícolas”. Pesquisas realizadas em Cruz Alta (RS) pela Fundacep revelam que a produtividade de todas as variedades de soja transgênica se revelou 13% menor do que as recomendadas.

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