Subiu para 290 o total de agrotóxicos liberados pelo governo Bolsonaro desde a posse. Nesta segunda-feira (22), o Ministério da Agricultura aprovou a comercialização de mais 51 marcas, envolvendo sete novas substâncias e outras já existentes em produtos do mercado. Entre as substâncias novas liberadas está o sulfoxaflor, princípio ativo que controla insetos que atacam frutas e grãos e estaria relacionado à redução de abelhas polinizadoras, segundo estudos em andamento no exterior.
Nos primeiros meses deste ano, cerca de 500 milhões dessas abelhas teriam morrido no Brasil, vítimas dos venenos nas lavouras, segundo reportagem da Agência Pública e do Repórter Brasil, com base em relatos de apicultores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Em tese, os agricultores têm de seguir regras para uso do sulfoxaflor, com períodos limitados para aplicação, dosagens máximas e distâncias mínimas para a proteção das abelhas. Na prática, o cumprimento de tais regras dependeria de uma fiscalização eficiente – o que está longe de acontecer sob o atual governo.
“Nunca houve um ritmo tão frenético de aprovação de agrotóxicos como agora. Para se ter uma ideia, o que foi aprovado neste ano, até meados de junho, é mais do que foi aprovado na União Europeia desde 2011”, afirmou Gerson Teixeira, ex-presidente da Associação Brasileira da Reforma Agrária (ABRA), segundo reportagem do Brasil de Fato quando dos 200 dias de governo Bolsonaro. Teixeira se referia ao total de produtos liberados em seis meses, 239, contra 229 da União Europeia em oito anos.
Dos venenos liberados, 44 são produtos "equivalentes", ou seja, genéricos de princípios ativos já autorizados no país. Destes, 18 são para uso industrial e outros 26 produtos são formulados (a venda em lojas de insumos agrícolas), sendo quatro de origem microbiológica. Para Gerson Teixeira, a velocidade na liberação faz parte da estratégia de mercado do agronegócio, que deixou de priorizar a batalha pela aprovação do Projeto de Lei 6299/2002, conhecido como PL do Veneno. “Eles viram que, com o governo na mão, não precisavam aprovar a legislação (…). A estratégia deles é viabilizar uma oferta grande de venenos e com isso fazer baixar o preço deles, independente se isso vá resultar em uma maior contaminação do meio ambiente ou do alimento”, comenta.
Fonte: www.brasildefato.com.br
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