Famílias paraibanas conhecem experiências de convivência no semiárido potiguar

Um grupo de 24 famílias do município de Casserenge, sertão da Paraíba, realizou intercâmbio no Rio Grande do Norte para conhecer experiências de convivência com o Semiárido, nestes dias 25 e 26 de setembro. O grupo, formado por famílias que conquistaram as tecnologias de água de produção, é acompanhado pela organização AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e estava sob a coordenação de José Camelo da Rocha. Nas duas visitas, o Agrônomo Damião Santos e técnicos de campo do Seapac, Francisco Canindé e Augusto, acompanharam as famílias visitantes.

No dia 25, o intercâmbio aconteceu na Comunidade Pau Darc, do município de Boa Saúde, onde conheceram um sistema de reuso de águas cinzas e negras, recém implantada na residência de dona Isabel e seu Isaías. A experiência foi implantada pelo programa Engenheiros Sem Fronteiras, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), contando com parceria do Seapac. O sistema capta as águas cinzas e negras, que passam por um processo de tratamento anaeróbico em tanques hermeticamente fechados e depois são utilizadas na irrigação de fruteiras e forragens.

Neste dia 26, o grupo visitou os quintais de famílias da comunidade Bom Destino, do município de Lajes Pintadas-RN, onde o Seapac implementou as tecnologias sociais da segunda água. Uma das experiências foi o quintal de dona Raimunda Luciano Rodrigues dos Santos, que iniciou a produção de hortaliças e frutas para consumo, depois de ter água na cisterna calçadão. Outro quintal visitado foi o de dona Francisca da Costa Araújo Rodrigues, mais conhecida por Cida, que também só passou a produzir depois de contar com a água da cisterna calçadão. “Antes da cisterna eu não produzia nada. Não tinha nem um pé de capim-santo pra fazer um chá”, disse dona Cida. E, por último, o quintal de dona Maria de Fátima, que também passou a produzir as verduras e alimentos depois de conquistar a cisterna.
Depois de conhecerem as experiências, as famílias se reuniram sob a sombra de dois pés de algodão, na comunidade, e fizeram uma “roda de conversa”. Cada uma falou sobre o que mais chamou a atenção nas experiências visitadas. “A região, aqui, é muito semelhante à nossa, na Paraíba”, comentaram algumas visitantes. “Estamos nos sentindo em casa, porque a terra é muito semelhante à nossa”, afirmaram outras. Algumas destacaram o acolhimento que tiveram da parte das famílias visitadas e destacaram experiências que não conheciam, como a produção de hortaliças em “hortas suspensas”, também chamadas de “girau” e “palanque”. Outro destaque dos visitantes foi a reutilização de baldes velhos e pneus usados para o plantio de hortaliças e a diversidade do plantio. “Vamos fazer lá o que vimos aqui e não temos em nossa comunidade”, comentaram alguns dos visitantes.
Mais fotos (José Bezerra):