Com a cultura popular de estoque de sementes, as famílias agricultoras do Semiárido brasileiro construíram, ao longo dos anos, uma verdadeira reserva da agrobiodiversidade. As sementes crioulas, que podem ser vegetais ou animais, também são as sementes da fartura, da partilha, da vida, da paixão, da gente, da terra, da tradição, da liberdade, da resistência. Seus nomes locais só refletem a importância concreta da manutenção e da continuidade da vida e da comunidade no campo.
Frente às ameaças que vêm dos setores privados, com o avanço da transgenia e do uso de agrotóxicos, e do setor público, que se voltou totalmente para os modelos do agronegócio com o novo governo, não é possível esperar o próximo golpe contra o ecossistema da agricultura familiar. Se resistir é verbo que sementeia as famílias, então é de resistência que se baseiam os encontros estaduais promovidos pelas ASAs estaduais por todo o Semiárido brasileiro.
"Um ponto forte dos encontros estaduais é o debate da ação de sementes enquanto política pública", afirma Antônio Barbosa, coordenador do Programa Sementes do Semiárido da ASA. "Todos os eventos estaduais têm feito diálogo com os governos de seus Estados. Alguns têm convidado, inclusive, representações da Conab [Companhia Nacional de Abastecimento], outros do governo federal. Mas a estratégia do programa agora é discutir a lei de sementes, onde já existe a lei, para fazer com que ela seja efetiva e, onde não tem lei, fazer com que se apresente uma proposta de projeto de lei", complementa ele.
Nos encontros estaduais, a pauta contra a transgenia e os agrotóxicos é outro assunto recorrente. "Durante a execução do programa, cada estado realizou cerca de 100 testes de transgenia para comprar as sementes de milho que iriam compor os bancos. As sementes contaminadas foram armazenadas para testes laboratoriais. Das sementes que não estavam contaminadas foram criadas cópias de segurança, formando uma coleção de sementes livres da transgenia e adaptadas às condições locais de cultivo das famílias agricultoras”, explica a equipe técnica do Sementes do Semiárido.
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