“As ações pela educação contextualizada na formação dos professores do Semiárido rural contribuem para a construção de uma nova visão sobre a região. Esta visão de convivência com o Semiárido valoriza as potencialidades, ao contrário do paradigma de combate a seca, que só valoriza as carências. Os professores passam a valorizar o mundo rural, enfatizando os aspectos positivos da identidade e da cultura sertaneja. As disciplinas passam a ser contextualizadas. A educação contextualizada prepara crianças, adolescentes e jovens para permanecerem no campo, pois são educados a buscar oportunidades socioeconômicas no meio rural”.
A síntese feita por Valéria Landim, da Ong pernambucana Chapada, sobre a importância de se pautar debates e ações pela educação contextualizada na formação dos professores do Semiárido rural deixa claro o papel libertador e estratégico de uma educação que valoriza a identidade rural para a continuidade e o fortalecimento do campo. Mais do que isso: “as práticas de educação contextualizada contribuem com a elaboração e a execução de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento rural sustentável na medida em que os professores passam a trabalhar com toda a comunidade escolar. Essa visão de foco nas potencialidades deixa claro o papel que o estado precisa desempenhar no desenvolvimento da zona rural no sentido de que haja políticas voltadas para a segurança alimentar, para o desenvolvimento dos cultivos, dos estoques de água, para tudo o que é necessário ao Semiárido”.
Santana Fernandes, professora na Comunidade Lagoa do Mato, zona rural do município de Luís Gomes, no Semiárido potiguar, lembra da conquista prioritária de acesso à água com a chegada da cisterna na escola. Ela participou do intercâmbio realizado em Mossoró, em junho deste ano. Para ela, com a chegada da água através da cisterna, a qualidade da merenda do aluno melhorou. “Havia dias que os alunos voltavam para casa porque não tinha água e não tinha merenda. Com a água, já facilita na questão da alimentação. Acerola, o cheiro verde, o tomate, o mamão que ajuda nas saladas que a gente, tudo a gente colhe lá [na escola] graças a essa cisterna.” E ressalta a chegada da água no currículo escolar: “há uma diferença quando você só fala e quando você fala e faz. A gente trabalhava as necessidades da planta e o aluno entendia em partes, mas quando ele foi lá plantar e fazer o acompanhamento, cuidar dessa planta, ele teve um aprendizado de mais qualidade, mais adequado”.
Fonte: www.asabrasil.org.br
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