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Dos eleitos, espera-se o quê?



Francisco Teixeira* Artigo publicado originalmente na Revista A Ordem da Arquidiocese de Natal Passadas as eleições, uma porção de brasileiros ainda não aceitou o resultado das urnas nas quais a maioria do eleitorado fez sua escolha para presidente, governadores e formação do parlamento nas esferas estaduais e federal. Infelizmente, ainda há quem prefira regimes autoritários ao regime democrático, onde a cidadania é a fonte, a razão da existência do próprio estado. O momento exige paciência e respeito, lucidez e escuta, orientações claras plasmadas nos valores e princípios da democracia geradora e promotora de uma administração pública fundada nos valores republicanos. Nesses dias que antecedem a posse dos eleitos, uma pergunta prorrompe da realidade de cada brasileiro que sonha com um Brasil para Todos: dos eleitos, espera-se o quê? Essa pergunta pode parecer sem sentido para alguns, mas abundante de significados para outros. A esses, nos filiamos.


Dos eleitos esperamos que sejam fiéis às expectativas dos eleitores que confiaram nos diálogos que expuseram durante o processo eleitoral no período da campanha. Essa fidelidade se concretizará no cumprimento do programa de governo, especialmente pela efetiva implementação de políticas públicas de saúde, educação, segurança, moradia, de geração de trabalho e renda, voltadas para a grande maioria da população brasileira que vive em situação de extrema pobreza.


Do presidente e dos governadores, espera-se capacidades políticas e técnicas para dirigir o país e os estados; liderança política; bom conhecimento dos assuntos contemporâneos que ditarão e emoldurarão suas decisões no cotidiano da gestão; equilíbrio no enfrentamento de conflitos e crises; postura de diálogo aliada à capacidade de decisão no tempo certo; paciência e disponibilidade para ouvir o clamor da população, da sociedade civil organizada, valorizando o parlamento e as outras esferas de poder; tolerância quanto à diversidade de estilo das pessoas com quem trabalhará ou que terá de conviver; disposição para ser presença efetiva e proativa nos espaços de diálogo e decisão, seja no âmbito interno ou fora do Brasil; vigilância contínuas e zelo pela coisa pública; costume de trabalhar com planejamento e em equipe; ser capaz de escolher e se cercar de pessoas com habilitação técnica adequada aos encargos da equipe de governo; coragem para dizer não, especialmente, para acabar com os cargos comissionados que acomodam apadrinhados e amigos do poder.


Dos parlamentares, o exercício legislativo de fazer as leis e fiscalizar as atividades do poder executivo, fazendo da tribuna um espaço para discussão de ideias e projetos de interesse público, de promoção das políticas públicas básicas de saúde, educação, assistência social, saneamento básico, transporte coletivo, moradia popular, assistência técnica às famílias rurais, limpeza urbana, iluminação e comunicação pública; além da promoção do desenvolvimento econômico, do emprego e renda, do esporte, da cultura, do lazer, de novas tarefas que os estados e municípios possam assumir no tempo presente, inclusive, na segurança pública.


Dos agentes públicos se espera as qualidades necessárias para uma vida política sadia, pautada na honestidade e urbanidade, no respeito ao próximo e nas boas práticas de governança no exercício do cargo público. Que a transparência nas atividades públicas seja a regra, e não mera formalidade, mas iluminadora dos gestos e atitudes no trato da coisa pública. Que suas decisões manifestem a separação completa entre os recursos públicos e os interesses privados, da família, dos amigos, de empresas, do partido.


Por fim, o que se espera de um bom governante é que esteja à altura deste tempo atual, impulsionando políticas motivadoras de democracia participativa e de inclusão social, com abertura para acolher novos paradigmas que reclamam por relações estribadas na pluralidade e diversidade de ideias, raça, cor, gênero e geração, sem deixar de ter as qualidades permanentes e essenciais de um administrador público que age e se comporta como um verdadeiro servidor ao bem comum.


*Francisco Teixeira é Diácono da Arquidiocese de Natal e Coordenador Estadual do Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários - SEAPAC

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