"Eu me pergunto o que vocês dirão a seus filhos, que motivo darão a eles por terem fracassado, como explicarão que os deixaram conscientemente diante de um caos climático? Vocês lhes dirão que a economia não estava indo bem? Que não era conveniente e que, portanto, decidiram desistir da ideia de lhes garantir uma vida futura sem sequer tentar?" Greta Thunberg, no primeiro dia da 50ª edição, continua a lançar a sua mensagem, inclusive durante um encontro vespertino organizado pelo New York Times. São suas orações, que tornam seu olhar mais preocupado do que severo. "Vocês dizem que as crianças não deveriam se preocupar. Vocês dizem: 'Deixem conosco. Vamos consertar as coisas, prometemos não os decepcionar. Não sejam tão pessimistas’. E depois, nada. Silêncio. Ou algo pior que o silêncio. Palavras vazias e promessas que dão a impressão de que foram tomadas medidas suficientes". Desta vez, o tom não está zangado, mas mantém uma dolorosa nota de temor.
"Um ano atrás, vim para Davos e lhes disse que nossa casa está em chamas. Disse que queria que vocês entrassem em pânico. Me alertaram que dizer às pessoas para entrar em pânico por causa da crise climática é uma coisa muito perigosa. Mas não se preocupem. Tudo bem. Confiem em mim, já fiz isso antes e posso garantir que isso não leva a nada". Não, nada muda, continua dizendo. De Madri, bem como de Nova York. Não muda porque "somos nós, crianças, que estamos falando". No entanto, as crianças falam. "Quando nós, crianças, pedimos para vocês entrarem em pânico, não estamos dizendo para vocês continuarem como antes. Não estamos dizendo para vocês confiarem em tecnologias que nem sequer existem hoje, não em larga escala, e que a ciência considera que talvez nunca venham a existir".
"Não estamos dizendo para vocês continuarem falando sobre como chegar a emissões zero ou à anulação do carbono, apenas trapaceando e manipulando os números. Não estamos dizendo para vocês 'compensarem as emissões' simplesmente pagando algum outro para plantar árvores em lugares como a África, enquanto ao mesmo tempo florestas como a Amazônia estão sendo massacradas a uma taxa infinitamente mais alta. Plantar árvores é uma coisa positiva, é claro, mas não chega nem perto do que precisaremos". "Sejamos claros", explica a ativista sueca que completará 17 anos daqui a um mês, "não precisamos 'reduzir as emissões'. Nossas emissões devem parar se quisermos ficar abaixo da meta de 1,5 grau. E até termos as tecnologias que possam fazer isso em larga escala, precisamos esquecer o zero líquido. Precisamos de um zero real".
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