Um pedaço apertado de terra com uma variedade imensa de alimentos cultivados, desde hortaliças, verduras, frutas a plantas medicinais, sem falar nos animais criados na área. De lá, sai o que nutre a família, outro tanto que é trocado na comunidade, mais uma parte vendida e ainda uma porção doada. Essa mina abundante são os quintais das casas das famílias agricultoras em todo o Brasil. Uma parte do agroecossistema familiar com potencial pouco conhecido e que, por isso mesmo, está à margem da maioria das políticas públicas voltadas para a agricultura familiar.
Em geral, quem se dedica aos cuidados com o quintal são as mulheres. Mas é um trabalho tido como menos importante do que aquele feito em outros espaços da propriedade, como o roçado, que gera renda num determinado período do ano. “Na agricultura, há amplo leque de contribuições das mulheres... Simplesmente, essas atividades não são reconhecidas como trabalho e não são contabilizados como renda”, anuncia a justificativa de um projeto que investiga justamente a importância dos quintais na vida das famílias agricultoras do Brasil.
Intitulado “Os Quintais das Mulheres e a Caderneta Agroecológica na Zona da Mata de Minas Gerais e nas Regiões Sudeste, Sul, Amazônia e Nordeste: sistematização da produção das mulheres rurais e um olhar para os quintais produtivos do Brasil”, o projeto tem uma importância ímpar uma vez que são raros os estudos com enfoque no trabalho produtivo realizado pelas mulheres nos agroecossistemas familiares. “Em geral, destaca-se a atuação da família ou do homem, sem questionar as relações sociais de poder vigentes, o que reforça a invisibilidade e a desvalorização do trabalho feminino”, reforça o projeto.
A ação prevê uma ampla pesquisa nacional sobre os quintais produtivos e a criação de quintais de referência. A pesquisa foi realizada, em 2017 e 2018, em 250 quintais produtivos com a participação imprescindível das mulheres. Os dados levantados foram anotados diariamente por elas numa caderneta. Tudo o que saía do quintal, seja para consumo da família, venda, troca ou doação, deveria ser anotado. Depois, esse volume de produtos seria transformado em valores monetários para que se pudesse enxergar a riqueza gerada pelo quintal.
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