Nos meses de julho e agosto, quando parou de chover na Amazônia e as taxas de desmatamento e de queimadas subiram, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fez o menor número de autos de infração e embargou menos áreas em cinco anos. Análise de informações no próprio site do órgão ambiental mostra que em julho foram feitos na região 345 autos de infração (por desmatamento, queimada ou garimpo irregular, por exemplo) e em agosto, 177. Em 2018, foram 822 e 930, respectivamente - quedas de 58% e 81%.
No ano, a queda especificamente de multas para crimes contra a flora na região foi de 42%. Também houve redução de áreas embargadas: 8.056 hectares em agosto deste ano, ante 12.538 no mesmo mês do ano passado. Em julho, 6.026 hectares haviam sido embargados, ante 24.583 hectares em julho de 2018. Quando uma área é embargada, a produção obtida é considerada irregular, entra em lista compartilhada internacionalmente e não pode ser vendida.
Tanto no caso dos autos de infração como no das terras embargadas, o montante está ainda bem abaixo da média dos últimos cinco anos. Procurado para comentar os dados, o Ministério do Meio Ambiente não se manifestou até esta quarta-feira (4). Em entrevista no programa Roda Viva, na TV Cultura, o ministro Ricardo Salles negou qualquer orientação para reduzir fiscalização.
O pesquisador Raoni Rajão, da Universidade Federal de Minas (UFMG), que compilou os dados, vê multas e embargos como um termômetro. "Quem trabalha com desmatamento sabe que é nesta época do ano que o pessoal entra na floresta para cortar, com motosserra, correntão. Depois deixa ali o material para secar e pôr fogo. Se a fiscalização interfere quando se começa a fazer isso, pode conseguir evitar os próximos passos. Se deixa solto, chega-se às últimas consequências", diz o especialista em política de controle.
Fonte: www.domtotal.com
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