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Agropecuária e uso do solo agravam quadro de mudanças climáticas


Reportagem da RBA, em 2016, mostrou que demanda por pastos causou 80% dos desflorestamentos no Brasil entre 1990 a 2005 (Foto: arquivo EBC)

A agropecuária, silvicultura e outros tipos de uso da terra já correspondem a quase um quarto das emissões humanas de gases de efeito estufa. É o que revela relatório divulgado nesta quinta-feira (8) pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), sobre os impactos do uso do solo na produção de alimentos e do clima.


Como boa parte das emissões de metano, um dos gases que mais contribuem com o efeito estufa, vem do gado, práticas como a pecuária extensiva ou a agricultura comercial, em que grandes áreas verdes são desmatadas para pastagem desses animais, acabam por agravar o quadro de mudanças climáticas. A degradação da terra ainda traz outro tipo de prejuízo ao meio ambiente. Segundo o presidente do Grupo de Trabalho III do IPCC, Hans-Otto Pörtner, “os processos naturais do solo absorvem (um volume de) dióxido de carbono equivalente a quase um terço das emissões de dióxido de carbono oriundas de combustíveis fósseis e da indústria”.


Todo esse ciclo levou os avaliadores do IPCC a alertarem os governos de todo mundo de que é impossível conter as mudanças climáticas sem alterar o uso do solo e a forma como se produzem alimentos mundialmente. Pelo menos desde 1988 o órgão vem sendo responsável por fornecer internacionalmente conhecimentos científicos sobre as mudanças climáticas, suas implicações, riscos, além de propor estratégias de mitigação.


Entre as medidas propostas, o documento indica o uso mais sustentável da terra, tanto na gestão do solo pela agricultura e silvicultura como no seu uso por setores de energia e em processos industriais. “As escolhas que fazemos sobre a gestão sustentável do solo podem ajudar a reduzir e, em alguns casos, a reverter esses impactos adversos”, diz Kiyoto Tanabe, copresidente da Força-Tarefa sobre Inventários Nacionais de Gases do Efeito Estufa. “Num futuro com chuvas mais intensivas, o risco de erosão do solo em terras agrícolas aumenta, e a gestão sustentável do solo é uma forma de proteger as comunidades dos impactos prejudiciais dessa erosão e de deslizamentos de terra”. Segundo Kiyoto, há casos em que a situação será irreversível.

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