Seapac realizou dois "Dias de Partilhas" em municípios do alto oeste, mostrando aos participantes a importante integração do sistema de reuso de águas cinzas com a agroecologia.
CAIO BARBOSA - ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO SEAPAC
NATAL | RIO GRANDE DO NORTE
Imagine-se plantando frutas e hortaliças sem uma fonte constante de água. Parece impensável, não é mesmo? No entanto, essa realidade, que já foi desafiadora, está em transformação graças aos esforços contínuos do Seapac na região do Alto Oeste Potiguar. Ao implementar sistemas de reuso de águas cinzas e expandir quintais produtivos, o Seapac está redefinindo a paisagem e a realidade das famílias campesinas. Esse novo panorama já é visível nas comunidades rurais de Venha Ver e Coronel João Pessoa, no semiárido potiguar.
Essa nova realidade foi conferida pelos participantes dos “Dias de Partilhas” do Seapac realizados nesses dois municípios. Na última sexta-feira (22), a equipe do Seapac realizou dois dias de partilhas, o primeiro na comunidade Riachão dos Jocas, zona rural de Venha Ver, e durante a tarde, na comunidade Traquina, em Coronel João Pessoa. Com uma participação aproximada de 25 pessoas em cada partilha, os participantes puderam conhecer o pleno funcionamento dos sistemas de reuso como a produtividade do plantio de mudas frutíferas, hortaliças e plantas forrageiras. O primeiro “Dia de Partilha” foi realizado na unidade de produção familiar de Antônia Matias e Elias Pessoa, uma das famílias acompanhadas em Venha Ver. O encontro contou com a participação da equipe da Emater local e regional, além da secretaria municipal de agricultura e do prefeito do município. Eles estiveram junto as famílias campesinas da região e com a equipe do Seapac verificando o desenvolvimento territorial da família anfitriã.
É ÁGUA, É FRUTA, É FORRAGEIRA; É AGROECOLOGIA EM VENHA VER
A família de Antônia e Elias receberam o sistema de reuso de águas cinzas em sua UPF e com isso, eles conseguiram consolidar uma área com mais de 100 árvores frutíferas irrigadas, é uma diversidade de acerola, manga, goiaba, graviola, coco, pinha, banana entre outras culturas. O Seapac após implementar o reuso de água, realizou a doação de 25 espécies de mudas para a família, que hoje tem um quintal repleto e abundante de alimentos saudáveis.
Além dessa área frutífera, a família também tem um campo irrigado para produção de gliricidia consorciada com palma forrageira. São mais de 3 mil raquetes de palmas da espécie “orelha de elefante” em conjunto com aproximadamente 70 estacas de gliricídia - em breve o Seapac irá realizar a doação de mais 100 estacas. Toda essa área produtiva está irrigada pelo sistema de reuso de águas, assim gerando recursos e nutrientes para a agricultura familiar.
O trabalho desenvolvido junto com a família, é algo diferenciado segundo Fabrício Edino, engenheiro agrônomo do Seapac, ele comenta sobre a importância do trabalho de agroecologia na UPF, já que a geografia do território familiar não é muito favorável, por tem uma inclinação aguda no terreno. Ele explica que para reverter essa situação, o trabalho de acompanhamento técnico-pedagógico vem utilizando princípios da agroecologia, como a adubação e cobertura de solo. O trabalho feito de adubagem leva bastante esterco bovino e de galinha, além de palhas e materiais orgânicos. Além disso, a própria família tem utilizado um biofertilizante junto a irrigação, assim fertilizando ainda mais as águas do reuso.
"A família tinha disponível um biofertilizante produzido por eles no território, com isso, estamos orientando usar esse insumo no tanque de irrigação, assim fazendo a fertil-liização. Tornando a água do reuso mais fertil e com isso conseguindo resultados cada vez melhores na produção familiar” afirma Fabrício, após o Dia de Partilha realizado.
DIA DE PARTILHA DO SEAPAC EM CORONEL JOÃO PESSOA
Ainda durante a sexta-feira, a equipe local do Seapac realizou o dia de partilha na comunidade Traquina, na unidade de produção familiar de Zé Felipe e Dona Aurelice. Os participantes desse dia de partilha tiveram a oportunidade de conhecer um quintal agroecológico que foi iniciado a partir da implantação do sistema de reuso de águas e hoje é um modelo de diversidade e produção.
Fabrício do Seapac destaca que é um dos quintais que começou do zero, no qual era notável o abandono da área produtiva. Após o início dos trabalhos realizados pela equipe do Seapac, houve uma completa transformação na unidade de produção familiar
"é um quintal que na próxima partilha, estará com muita força de produção. Hoje notamos um quintal limpo, com ausência de lixo e com muito cultivo agroecológico. As plantas vem se desenvolvendo muito bem, somente com a água de reuso" destaca Fabricio.
Além do sistema de reuso implementado e o fomento do quintal agroecologia, essa UPF será em breve o espaço para construção do segundo secador solar do Seapac (o primeiro foi construído em São Miguel). Está previsto um mutirão camponês na região da Traquina para que seja construído essa tecnologia social que irá ajudar no dia-a-dia, o secador solar ajudará no manejo e produção do arroz cultivado pela família, além da secagem das plantas forrageiras (gliricídia e margaridão) que servem de alimento para os animais na propriedade.
Essas experiências territoriais mostram a força transformadora que a integração dos sistema de reuso mais agroecologia podem promover na vida das famílias campesinas. Essas ações são promovidas pelo projeto “Água Semente da Vida” que conta com o apoio do Banco do Nordeste para implementação dos sistemas de reuso e quintais produtivos em seis municípios do alto oeste potiguar.
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