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Africanos buscam inspiração na experiência de convivência com o Semiárido


Encontro com cisterna, ancestralidade e identidade negra (Foto: Rafael Neves, ASA)

Foi com a história de luta, resistência e tradição da comunidade quilombola Sítio do Veiga, em Quixadá, Ceará, que representantes de Senegal, Níger, Burkina Faso e Chade fortaleceram a troca de experiências de convivência com o Semiárido entre Brasil e África. A morada de 39 famílias remanescente de quilombo também foi lugar de resgatar a ancestralidade e a identidade negra. “A expectativa é de aproximação. Quebra o estereótipo de que a África é um local de profunda miséria. Vamos conhecer as experiências uns dos outros. Nossas fraquezas e dificuldades são bem parecidas”, afirma Ana Maria Eugênia, assistente social e liderança comunitária.


Fundado em 1906, Sítio Veiga foi a primeira comunidade rural a ser visitada durante o Intercâmbio entre Agricultores e Agricultoras de Regiões Áridas e Semiáridas do Mundo, organizado pela Articulação Semiárido Brasileira (ASA) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Ao longo desta semana, o grupo visita outras comunidades rurais no semiárido cearense.


No Sítio Veiga, os africanos conheceram as cisternas de consumo humano e produção. As tecnologias de captação e armazenamento de água de chuva estão sendo implantadas nos países visitantes. A construção de cisternas na África ainda está em fase piloto. Mas a perspectiva é essa iniciativa ganhe escala assim como no Brasil, que tem uma política pública de acesso à água, fruto da parceria entre a sociedade civil e o Estado.

As primeiras cisternas de consumo chegaram à comunidade em 2005. Antes disso, as mulheres percorriam 5 km para pegar água, que era imprópria para beber. “A gente trazia água nas cabaças no lombo de um jumento. A água era pra tudo. Depois dessas políticas públicas a nossa vida começou a mudar”, relata Ana Eugênia.


De acordo com Youssoupha Gueye, representante do Ministério da Agricultura do Senegal, as características geográficas do semiárido cearense são bem próximas ao de seu país. “Nós somos um país semiárido como o Nordeste brasileiro. Chegamos aqui para conhecer a experiência brasileira com as cisternas. Vamos começar a realizar o Programa 1 Milhão de Cisternas e queremos aprender como construir as cisternas e os diferentes tipos. Também estamos interessados na relação entre governo e sociedade civil na realização de políticas públicas”, conta Youssoupha.

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