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"É o agronegócio que está dando as cartas no país"


Segundo Angela, a Aliança dos Povos das Florestas foi criada para fortalecer a resistência contra ataques aos povos tradicionais / Foto: Cris Uchôa

À beira do rio Xingu, no estado do Mato Grosso, nasceu uma nova frente em defesa do meio ambiente e dos povos da floresta. No último dia 15 de janeiro, ao lado do cacique Raoni, Angela Mendes, filha do líder seringueiro Chico Mendes, e a indígena Sônia Guajajara oficializaram uma aliança contra as políticas adotadas por Jair Bolsonaro (sem partido) nas áreas ambiental e indígena. O lançamento da Aliança dos Povos das Florestas ocorreu durante um encontro que reuniu centenas de indígenas de diversas etnias e estados do país.


Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Ângela Mendes, militante ambientalista e coordenadora do Comitê Chico Mendes, afirma que o objetivo da articulação é pensar estratégias para resistir às políticas de um governo que “declarou os povos da floresta como seus inimigos”. “Quando o presidente diz que não vai mais demarcar nenhuma terra indígena e tenta extinguir o ministério do Meio Ambiente e todos os órgãos responsáveis por políticas públicas da floresta, isso quer dizer que ele está em uma ofensiva muito grande contra essas populações. Todas elas”, analisa.


Segundo ela, a frente se inspira nas alianças criadas por seu pai décadas atrás em defesa da demarcação dos territórios dos povos tradicionais, e foi gestada durante a Semana Chico Mendes, que aconteceu em Xapuri (AC) no fim do ano passado. A articulação deve focar em exercer pressão política e em reverberar denúncias junto à comunidade internacional. “Hoje é o agronegócio que está dando as cartas no país. É o agronegócio que está ditando os caminhos tanto do governo federal, quanto do Congresso Nacional. É o agronegócio, com as multinacionais e com as grandes mineradoras que estão por trás de tudo isso”, denuncia.


Mendes denuncia a intenção do governo Bolsonaro de entregar os territórios para exploração do capital internacional. "Ele passou um ano [2019] mostrando como vai fazer isso. Nada do que ele fez, foi feito de forma impensada. Eu tenho certeza que, pra 2020, eles virão com planos perversos”, argumenta.

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